quinta-feira, 27 de setembro de 2012

É decretado o AI-5


Brasília, 14 de Dezembro de 1968

Segundo o "Jornal do Brasil", na noite de ontem, com o objetivo de administrar a crise política, o Governo do General Arthur da Costa e Silva baixou o Ato Institucional nº 5, e com base nele, o Ato Institucional Complementar nº 38, que decretou o recesso do Congresso Nacional por prazo indefinido.

Entre as resoluções do AI-5, suspendeu-se os direitos políticos, e proibiu-se atividades e manifestações sobre assuntos dessa natureza, condicionando a infração a severas penalidades, desde a liberdade vigiada ao domicílio determinado. Para garantir a ordem, os quartéis manter-se-ão em rigoroso regime de prontidão, e mobilizarão integralmente as Polícias Federal, Militar, Civil e a Guarda Civil.



(Nota: Merece reflexão o fato que o Ato Institucional, quando editado, não suscitou oposição significativa e só foi revogado pouco mais de dez anos depois por um outro governo da ditadura no começo de 1979.)


Fonte: http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/campanha/edicao-do-ai-5/index.htm 
            http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=6283 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Baú de crueldades

São Paulo, 1974

Finalmente alguém tomou alguma atitude em relação às torturas que tantos de nós sofremos nos últimos seis anos. “Nosso” presidente, – e digo nosso entre aspas mesmo, porque esse país que deveria ser “nosso”, não é – Ernesto Geisel, resolveu adotar algumas medidas para que as táticas de torturas sejam diminuídas e chegou, inclusive, a afastar militares da “linha dura” do Exército. Essa última muito bem conhecida pelos bravos guerreiros que sofrem represálias diariamente, durante nossas batalhas contra esse modo de governo opressivo, cego, surdo e que faz questão de nos emudecer.

Desde 1968 que as torturas foram se tornando cada vez mais duras e menos humanas. Ainda não consigo acreditar que homens sejam capazes de maltratar outros homens da maneira que eu vi acontecendo tantas vezes. E dessa época pra cá, esses atos abusivos foram amplamente empregados contra pessoas que tivessem qualquer envolvimento que fosse com os bravos da luta armada.

Não bastassem as torturas psicológicas que os militares já faziam, ainda aprenderam novas táticas com militares americanos e a partir de então, invadiram casas e locais de trabalho, para levar consigo os futuros torturados. Quantas noites passamos sem saber por que tal companheiro ainda não havia vindo nos encontrar e temendo que tivesse sido capturado. E um de nós capturado poderia significar mais alguns na mira dos militares.

Os que voltaram para casa relatavam com dor os momentos de desespero vividos, contavam sobre os suplícios duradouros, que prolongavam-se por horas, repetidos por dias e praticados por mais de um opressor. As táticas eram assombrosas e me recuso a relatá-las, pois loucos existem em todo lugar e não sei a quantas essa atitude do presidente anda. Espero que sua ordem seja cumprida e possamos andar com um pouco menos de medo.

Continuamos na luta, já passamos por muita coisa e ainda vem mais pela frente. Esperamos pelo dia em que o ser humano volte a ser respeitado aqui em nosso país. Novamente, continuamos tristes com tantas repressões e injustiças, mas temos um motivo pra enxergar algum pontinho brilhante no final do túnel, não paramos de lutar.

Até breve!


Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-foram-as-torturas-utilizadas-na-epoca-da-ditadura-militar-no-brasil

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Terrorismo Cultural


Rio de Janeiro, 1968


A peça "Roda Viva" de Chico Buarque que estreou neste mês de janeiro no Teatro Princesa Isabel, criou polêmica  e acabou sendo censurada.  Durante uma de suas apresentações, o espetáculo foi atacado pelo terrorismo paramilitar do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). 


A peça que contava a história da ascensão e a queda de um ídolo, preenchido com paródias bíblicas e com cenas antropofágicas, resultou em atores espancados e cenários destruídos pelos integrantes do CCC.

Fontes: http:/www.professorsergioaugusto.com/news/ditadura-militar-1964-4985/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u361630.shtml

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Punição sem punição

(1964-1985).
Anos de chumbo, assim é chamada a época do pesadelo de quem era contra a ditadura, haviam torturas que chegavam a matar muitas pessoas. Militares ensinavam as torturas que seriam aplicadas desde o momento da captura dos “infratores”. Os quartéis e delegacias tinham material isolante para que não fossem ouvidos os gritos dos presos causados pela tortura que se repetia por dias.

Abusavam de choques, porradas e drogas para arrancar informações. A Cadeira do Dragão era uma “cadeira elétrica”, onde o preso ficava pelado recebendo choques, no Pau de Arara amarravam as pernas juntos com os braços entrelaçados a cerca de 20cm do chão, o que causava dores atrozes, Espancamentos, Afogamentos, a Geladeira em que o preso ficava por muito tempo exposto a temperaturas extremas, entre outros.





Ninguém foi punido por essas torturas, devido a Lei de Anistia, onde todos os envolvidos serão perdoados pela justiça.



Destruição de documentos comprometedores

São Paulo, 1981.

Soubemos hoje, por fonte segura, que o Serviço Nacional de Informações obteve ordem para destruir quase 20 mil documentos secretos, que poderiam ser usados contra eles, caso algum dia obtenhamos a democracia e a paz de volta às nossas vidas, além de relatórios e documentos sobre pessoas conhecidas, que não eram interessantes de serem mantidos, por conterem sabe-se lá Deus o quê.

Dentre esses documentos, haviam relatórios sobre personalidades conhecidas por mim, por você, pelos seus filhos e que jamais terão seu conteúdo conhecidos. Desde políticos, passando por arcebispos e chegando até mesmo, e não há de haver espanto nisso, a Vinícius de Moraes e outros compositores que costumam, ou costumavam, incomodar os severos comandantes do SNI. Eles ainda dizem que estão de acordo com a lei.
E que lei é essa, que ajuda os sujos a limparem sua sujeira, sujeira que pelo andar da carruagem jamais poderá ser combatida de frente? Eles ainda possuem um resumo mínimo, apenas para terem o controle do que foi destruído. Duas linhas que ocultam, para sempre, relatos sobre pessoas, assim como eu sou, que em algum momento não foram “boas” o suficiente, dentro do que esses homens acham que é ser “bom” ou “correto”.

Confirmamos que o General Newton Cruz foi uma das pessoas envolvidas na autorização de destruição de tais documentos. Ainda passamos por momentos complicados, tensos, preocupantes e além de tudo, temos que ver, dia após dias, restos de esperança se esvaindo em assinaturas de homens que pensam apenas em si. Que se preocupam mais em esconder fatos que poderiam incomodar alguns militares, como  supostas contas bancárias no exterior ou a infiltração de subversivos no Banco do Brasil do que em restaurar alguma democracia nesse país que deveria ser nosso, de todos os brasileiros.

Continuamos nos perguntando aonde iremos parar, se sobrevivermos a tanta repressão assim. Por enquanto, é o que tenho para mostrar. Continuamos tristes com tanta injustiça, mas não paramos de lutar.

Até breve!

sábado, 22 de setembro de 2012

Pra não dizer que não falei das flores




A canção usada como hino de protesto não orgulha Vandré, que após 04 décadas de isolamento  fora dos acontecimentos fala à televisão brasileira e diz :

Esse Brasil de hoje não é o meu Brasil, hoje se tem um processo de missificação. O Brasil virou cultura de missificação não há lugar para o que eu fazia antes. 
O texto da minha canção não traduz o meu Brasil hoje, as ruas estão cada vez piores, os campos da fome aumentou.

Vandré recusa o rótulo anti- militarista, demonstra  forte frustação com relação a arte  que considera cultura inútil e diz: 

"Consegui ser mais inútil do que qualquer artista: Sou advogado num tempo sem lei." 

Criou sua primeira canção para soldados o que repercutiu em sua carreira,  teve que provar que não era militante político , anistiado por fazer canções como esta perdeu o emprego público como punição do governo. 
  
"Há soldados armados, amados ou não
  Quase todos perdidos de armas na não
  Nos quartéis lhe ensinam uma antiga lição:
  De morrer pela pátria e viver sem razão."

Vandré nunca mais subirá aos palcos no Brasil ... 

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=TYextKTVePY 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O exílio de JK - Expulso de sua própria criação

Brasília, 1964

Foi exilado no dia 13 de junho o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Seu amigo, Coronel Affonso Heliodoro, após vê-lo partindo ao exílio em lágrimas, acaba de receber a seguinte mensagem de JK: “Deixo o Brasil porque esta é a melhor forma de exprimir meu protesto contra a violência. Não posso deixar de confessar que viver fora do país, sem saber quando será possível o regresso, é o castigo mais cruel imposto a um homem que só pensava no Brasil”. O exilado encontra-se na capital francesa. Ele diz não querer voltar durante o governo do "Monstro" - como rotula o presidente Castelo Branco.




terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Álbum Joia

Bahia, 1975

Oi, aqui é Caetano Veloso de novo, o cantor.
O meu álbum “ Joia” foi censurado porque trazia em sua capa, Eu, minha mulher Dedé e meu filho Moreno, completamente nus, com o desenho de algumas pombas a nos cobrir a genitália. O álbum agora está com uma nova capa, onde restaram apenas as pombas.

Antes:


Depois:


Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=11&id_noticia=159935

Deus e o Diabo - Caetano Veloso

Bahia, 1973

Meu nome é Caetano Veloso, sou cantor.
Tive a minha canção “Deus e o Diabo”, vetada por causa do último verso “Dos bofes do meu Brasil”. Me foi sugerido que eu substitua a palavra “bofes”. E um segundo censor menciona os versos “o carnaval é invenção do diabo que Deus abençoou” e “Cidade Maravilhosa/ Dos bofes do meu Brasil”, como ofensivos às tradições religiosas.
E agora, como fica minha canção?

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=11&id_noticia=159935

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A verdade sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog

São Paulo, 18 de outubro de 2004

Correio Braziliense
(Imagens inéditas do jornalista Vladimir Herzog)

Segundo o o comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna, o jornalista Vladimir Herzog havia se suicidado na cela em que estava preso no dia 25 de outubro de 1975, porém, as imagens abaixo, encontradas pelo Correio, reforçam a ideia de que Herzog foi torturado antes de ser morto.
Clarice Herzog, viúva do jornalista, confirmou ao Correio Braziliense que as fotos são mesmo do marido.


Falecimento do Jornalista Vladimir Herzog

São Paulo, 26 de outubro de 1975

Nota Oficial do comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI):

Faleceu ontem o jornalista Vladimir Herzog, de 38 anos, casado, pai de dois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo. Ele cometeu suicídio e foi encontrado enforcado na cela em que estava, nas dependências do 2ª Exército, em São Paulo.